ASC SP, Sambistas e Comunidades de Samba
Foi neste último domingo de outubro de 2011 que se realizou a Rua do Samba de Guarulhos. O evento aconteceu na Praça Oito de Dezembro – Taboão, e contou com estrutura organizada pela LIESG que tem como presidente Adelci Teixeira – Adê, presente durante todo o evento, e apoio da Secretaria de Cultura de Guarulhos. A recepção da comunidade do bairro do Taboão foi muito boa, com muitos expectadores, amantes do samba.
Estiveram presentes Comunidades do Samba de Guarulhos e São Paulo. Na roda de Samba estiveram a Comunidade União Samba Clube do Cohab Artur Alvim e Samba da Alegria – Brás, Panela do Samba de Sorocaba, Canto Pra Velha Guarda (Guarulhos), Terreiro de Compositores – PQ S Lucas, Candeeiro do Samba – Diadema, os Sambistas Brao Lopes, Dentinho, Emerson Urso, Helio Rubi, Marquinhos Jaca, TKaçula, Zanza Simião e o grande representante da velha guarda do Samba Paulista Valdir Cachoeira, hoje morador e sambista de nossa cidade. Estiveram no evento representantes do Samba do Sino, Samba da Arca e Samba da Canja, todos de Guarulhos.
O evento ficou por conta do competente sambista Brao Lopes que se desdobrou para que a roda de samba pudesse ser realizado, contou com o apoio da LIESG na pessoa do seu presidente Adê e da Secretaria de Cultura de Guarulhos.
Foi uma verdadeira festa para a cidade de Guarulhos. Ouvimos sambas memoráveis nesta roda. O que não faltou também foram os sambas inéditos. Sambas de Balilo, Emerson Urso, Marquinhos Jaca, TKaçula e outros caíram nos gosto dos presentes, que cantavam animadamente seus refrões. Um dos pontos altos foi o momento em que o sambista Valdir Cachoeira foi convidado por TKaçula e participar da roda, a emoção foi muito grande para o sambista e para todos que ali estavam.
Brao Lopes alem de compositor e sambista, também é diretor da ASCSP – Associação Dos Sambistas e Comunidades de Samba do Estado de São Paulo, que é presidida por TKaçula.
Mas o que é, na realidade, Comunidade de Samba. Há mais de 20 anos surgem em São Paulo pessoas interessadas em pesquisar os compositores, interpretes, os sambas, a história desta modalidade musical tipicamente brasileira. Tendo consciência das necessidades sociais e culturais das regiões inseridas também passaram a desenvolver trabalhos sociais. A seriedade dos trabalhos desenvolvidos, efetuados com muito carinho, dedicação e trabalho árduo resultaram em rodas de samba que trazem o Samba Raiz ao dia a dia. É comum ouvir musicas de Pixinguinha, Cartola, Vadico, Geraldo Filme, Nelson Cavaquinho, Pé Rachado, Adoniram Barbosa, Ismael Silva, Lupicinio Rodrigues, Paulinho da Viola, e muitos outros monstros da nossa música popular, nestas verdadeiras rodas de samba. E nesta esfera o público é da mais variada faixa etária, inclusive é comum presenciar jovens que passaram a ouvir e cantar sambas de 50, 60, 70 anos ou mais.
Esses encontros também ocupam o papel de veículos para que novos compositores possam cantar os seus sambas ainda inéditos, como é o caso do Movimento Cultural Projeto Nosso Samba de Osasco, e também o Samba da Vela, entre muitos outros que pipocam por toda a cidade de São Paulo, e já contagia cidades de todo o estado, como exemplo o Panela do Samba de Sorocaba. Muitas Comunidades ganharam destaques nacionais e internacionais, como O Berço do Samba de São Matheus, o Samba da Laje, Pagode do Cafofo, Samba da Vela, etc. em pesquisa realizada pela ASC SP, as comunidades trazem um público de 40 mil pessoas/mês.
Outro fator importante passa a ser a inclusão na internet. Sem apoio de rádios e meios de comunicação, as comunidades e sambistas passam a veicular seus trabalhos na internet, através de sites, blogs, youtube, etc. A possibilidade de exposição é ainda maior, pois começam a acontecer às rádios na web, como podemos citar a Rádio Samba SP - http://radiosambasp.com.br/ que executa sambas que via de regra são descriminados nas rádios convencionais ( A R´dio Samba já atingiu a marca de mais de quatro milhões de ouvintes em outubro/11). Alguns destes sambistas, inclusive, tem disponibilizado seus trabalhos na internet para serem baixados gratuitamente.
Ocorre que é comum nos eventos as comunidades cantarem sambas inéditos que não constam de programações nas rádios convencionais, provando o trabalho importante deste movimento cultural. Comum também passou a ser as visualizações via youtube, algumas chegam a ter mais de 25 mil acessos. Outro aspecto é o baixo custo para divulgação através das redes sociais. Os flys publicitários das mais variadas criações, são divulgados gratuitamente através das próprias comunidades via internet.
Toda esta riqueza cultural mantém entre si um laço fraternal, ligados umbilicalmente pelo samba e tudo aquilo que ele representa na formação de nossa identidade cultural. Mas o poder público entende como samba apenas o mês de fevereiro ou o Carnaval, grande celeiro do samba brasileiro. No entanto, as comunidades de samba se reúnem pelo menos uma vez por mês, algumas semanalmente, no entanto quando não estão em suas comunidades, visitam comunidades vizinhas, participando de eventos ou apenas visitando-as. Essa facilidade de trocas culturais é outro fator importante para o sucesso destes eventos, revitazilizando e oxigenando as comunidades.
Ao encontro dessa constatação, ficou latente a necessidade das comunidades se organizarem através de uma entidade de caráter jurídico e que pudesse representar os anseios destes sambistas e de suas comunidades. È fundada então a Associação dos Sambistas e Comunidades de Samba de São Paulo cujo papel principal é divulgar e enumerar estas necessidades, transformando-as em projetos sócios culturais, no sentido de reivindicar não somente os equipamentos necessários, mas também recursos destinados no âmbito federal para estes fins, e que sejam repassadas através de ações estaduais ou municipais, sem interferir de maneira alguma nos projetos que vem sendo desenvolvidos pelas comunidades de samba e sambistas.